Órísás – Homenagens é o título da exposição de autoria de Carlos Francisco. E para tecer algumas palavras sobre o excelente trabalho, nada melhor que o próprio autor. Assim, fiquem pois com o texto de apresentação da mostra que ora ocorre no Terreiro do Movimento Cultural PROJETO NOSSO SAMBA de Osasco, na Casa de Clutura Afro-brasileira CASA de ANGOLA.
ÒRÌSÀS – HOMENAGENS
São Paulo, fevereiro de 2008
Bisneto de escravos, cresci entre a Capital Mineira, em Santa Tereza, bairro de classe média e de população negra minoritária, e Pinhões, antigo quilombo situado no distrito rural da cidade histórica de Santa Luzia /MG. Ali onde viveu meu bisavô (Valeriano Rodrigues, o Seu Valu, escravo liberto) e ainda vivem muitos parentes.
Em meio às festas católicas de Nossa Senhora do Rosário, do Divino Espírito Santo, dos dançantes que as celebravam com o congado e folia de Reis, havia uma tia rezadeira que cultivava e sabia tudo de plantas medicinais. Uma outra que tinha visões. Uma outra que benzia. Um tio que sabia simpatias pra tudo. Outro falava com os espíritos. E tantos outros... Mas nada disso significava. Éramos católicos.
O tempo passou. o canto da encantaria me conduziu à vivências; à prosas com os velhos sabidos; à leitura do Prof. Prandi , à obra do mestre Fatumbi... À luz da cultura ancestral (com a qual finalmente me identifico e identifico meus parentes), não mais descendo de escravos. Mas de um povo empreendedor, guerreiro, nobre, mestre na arte de viver em harmonia com a natureza e que anda por aí a construir o mundo.
Expatriados e espoliados de todas as maneiras possíveis, herdamos a condição de escravos, subempregados, sub-gente. Mas não é o que somos.
Somos médicos, advogados, artesãos, geógrafos (Viva o prof. Milton Santos), antropólogos, escritores, músicos, atores, cientistas, místicos, romancistas, guerreiros, enfim, gente da melhor qualidade, descendentes dos O r i x á s.
“ÒRÌSÀS – HOMENAGENS” é um modesto agradecimento aos tantos ensinos dos mitos, dos búzios, do zêlo.
Modesta e respeitosamente:
─ Peço licença a
Exu
─ Peço licença a
Oxalá─ Peço licença a
Ogum─ Peço licença a
Iemanjá─ Peço licença a
Ossanha─ Peço licença a
Xangô─ Peço licença a
Iansã─ Peço licença a
Oxaguiã─ Peço licença a
Oxossi─ Peço licença a
Oxumaré─ Peço licença a
Oxum─ Peço licença a
Obaluaiê─ Peço licença a
Nanã─ Licença a todos os
orixás─ Licença ao
povo de santo...para mostrar 15 trabalhos em pastel seco sobre papel, inspirados a partir dos elementos, símbolos e cores de alguns dos Orixás. Modesta homenagem aos ORIXÁS da nação Keto mas também aos VODUNS da nação Jêje e aos INKICES da nação Angola. Poder compartilha-la neste importante e fundamental centro de preservação e difusão da cultura negra é uma satisfação e um grande orgulho.
Através do Selito e do Fábio, meus sinceros agradecimentos a todos da CASA DE ANGOLA e do PROJETO NOSSO SAMBA pelo honroso convite.
Axé para todos,
Carlos Francisco
BREVE CURRÍCULO
Sobre a experiência profissional, segue abaixo breve currículo que mostra-nos bem como o autor Carlos Francisco é bastante dinâmico quanto às atividades que desenvolve. Senão vejamos:
Experiência Profissional
TEATRO
Ator e responsável técnico pelo Galpão do Folias.
2007 - “Orestéia – O canto do bode”- Reinaldo Maia (trilogia de Ésquilo)
Direção: Marco Antonio Rodrigues – Galpão do Folias - ATOR
2004 – “Nada Mais Foi Dito Nem Perguntado” de Luis Francisco Carvalho Filho –Galpão do Folias – São Paulo – DIREÇÃO
2003 - “Otelo” de Willian Shakespeare ,direção de Marco Antonio Rodrigues – Galpão do Folias – São Paulo - ATOR
2001 – “Babilônia” de Reinaldo Maia, direção de Marco Antonio Rodrigues – Galpão do Folias – São Paulo – ATOR
2000 – “Happy End” de Elizabeth Halptman , direção de Marco Antonio Rodrigues – Galpão do Folias - São Paulo - ATOR
1999 – “Surabaya, Johnny!” roteiro de Reinaldo Maia, direção de Dagoberto Feliz – Teatro Aliança Francesa - São Paulo - ATOR
1998 – “Folias Fellinianas” de Reinaldo Maia, direção de Marco Antonio Rodrigues – Teatro Aliança Francesa – São Paulo – ASSISTENTE DE DIREÇÃO
1997 – “O Assassinato do Anão do Caralho Grande”* de Plínio Marcos, Direção de Marco Antonio Rodrigues – Teatro Sérgio Cardoso - São Paulo – ATOR
* Prêmio de melhor ator XVIII Festival Nacional de Teatro de São José do Rio Preto
1990 – “Tá Rindo do Quê?” Criação Coletiva, direção Enio Reis – Teatro Palácio das Artes , sala João Ceschiatti Belo Horizonte/MG
1989 – “Pétalas da Solidão” de Anton Tchecov (adaptação contos Feiticeira e Fatalidade) direção Luiz Carlos Moreira – Teatro Francisco Nunes – BH / MG
1988 – “Hoje é dia de Rock” de Jose Vicente, direção de Alexandre Colla - Auditório Escola de Medicina – Belo Horizonte / MG
LEITURAS
“O Holandês” de Emile Baraka. Praticável do Folias
“Zé” de Fernando Marques, direção de Marco Antonio Rodrigues – Galpão do Folias
“O Gadjo Aprendiz” de Plínio Marcos direção de Marco Antonio Rodriguies – Galpão do Folias
“Os Azeredos e os Benevides” Direção de Marco Antonio Rodrigues em ciclo produzido pelo Grupo TAPA.
“Homens de Papel” de Plínio Marcos, direção de Marco Antônio Rodrigues
Ciclo Gastão Trojero
CINEMA
“Último Chá” - longa - David Kourloc – 2007
“Maldito acaso” - curta - Grupo Cinema de Guerrilha – 2005
“O casamento de Romeu mais Julieta” – longa – Hugo Georgette - 2004
“Fausto Verdoux” – curta – Fábio Carvalho – 1992
TV
“Alice” - Episódio 7 – HBO
“Carandiru a série” - Episódio Ao mestre com carinho -Valter Carvalho - Globo
RÁDIO
Programa Palco Sonoro - Rádio Cultura FM
A Morte do Caixeiro Viajante – Maio/ 2007
OUTROS TRABALHOS
2004 - Produtor Operacional CÉU – Centro de Ensino Unificado- Parque Veredas
Secretaria de Cultura – Prefeitura Municipal de São Paulo
ARTES PLÁSTICAS
Autodidata, desenvolve um trabalho protagonizado por figuras de negros e em menor escala de índios, em cenários que vão do cotidiano às festas populares e religiosas; de ambientes rurais ou primitivos às comunidades das periferias dos grandes centros.
Realiza sua pesquisa tendo como principais materiais:
─ Tinta acrílica sobre tela;
─ Madeira e papel;
─ Pastel seco;
─ Pastel óleo e carvão s/ papel.
EXPOSIÇÕES
“Impressões Geométricas” (individual)
Espaço Cultural da Agência Rio Branco
Banco do Brasil / São Paulo 1994
-25 trabalhos em acrílica s/ papel
8 estruturas geométricas em varetas de madeira
Sem título (coletiva )
CEU Parque Veredas / SP 2004
-03 trabalhos em acrílica s/ papel
Temáticas diversas
Sem título (coletiva )
Café do Teatro Galpão do Folias / São Paulo
- 6 trabalhos em pastel seco s/ papel
Temáticas diversas
Agosto a novembro de 2005
“Òrìsàs – homenagens” ( individual )
- 15 trabalhos em pastel seco s/ papel
inspirados em elementos, símbolos e cores de alguns orixás.
Bar e Restaurante “ Rota do Acarajé ”/ São Paulo
Junho de 2007