Luiz Augusto Carvalho (Gutão). Foto: PNS/03
Existe no projeto nosso samba, um rapper que tem extrema agilidade de versejar, por mais estranho que pareça, culturalmente estou com Tinhorão[2], quando ele afirma que o ‘rap’ é a embolada dos brasileiros que perderam consciência de sua própria história cultural e popular.
Toda a agilidade mental, verbal e poética dos rappers está colada com a estória desconhecida da ‘embolada’, mas incorporada à estória de vida pessoal e familiar e que se vai passando na história familiar, sem que tenhamos consciência disso tudo.
É claro, que em nossas famílias negras, também temos um pé no samba-rock, mas músicas executadas nos bailes da periferia, durante os anos 70, enquanto se ouvia James Brown, Jorge Bem, Tim Maia e Cassiano. Esses formataram a proximidade entre a musica negra americana e a música brasileira, no período em que surgiram as bandas ‘Black Rio’ e os bailes promovidos pelas equipes que organizavam os bailes no São Paulo Chic e no Palmeiras.
Mas este corinthiano de pouco mais de vinte anos, Luiz Augusto Carvalho, Gutão, em bate-papo informal, reconheceu, denunciou e afirmou que o ‘rap’ trata da questão social e de classe e principalmente do racismo desta hipócrita sociedade brasileira. Para isso, ele lembrou a mensagem do seu querido Mano Brown, que coloca toda a revolta dele e do povo em suas letras, numa maneira de denunciar as formas de opressão social e racial do nosso país. Ele cita, “nossos motivos para lutar, ainda são os mesmos, o preconceito e o desprezo ainda são iguais. Nós somos negros, também temos nossos ideais. Racistas otários nos deixem em paz!” denunciar todo e qualquer tipo de racismo, deve fazer parte dos objetivos culturais que o Projeto Nosso Samba, como agrupamento de resistência na defesa da cultura popular.
O Gutão que tem apetite devorador, come de tudo, de jiló a pedra. Só bebe guaraná(diet) e tem além de seu ídolo Mano Brown, outros dois compositores mangueirenses entre os seus preferidos. Trata-se de Cartola e Nelson Cavaquinho. É curioso que a aspereza do Mano Brown permitiu que se conhecesse um lado mais emocionado e lírico do Gutão e para isso ele cita um outro mangueirense Carlos Cachaça (Não choro pra ninguém me ver sofrer de desgosto). Então fica provada sua origem mangueirense e sua disposição para estar sempre distribuindo sorrisos a todos que chegam no projeto, que o cumprimentam em respeito à sua dedicação ao Projeto Nosso Samba. Ele vinculou-se ao projeto, quando mudou-se para o Km18 e foi tomando um ‘refrigerante’ (estranho para um declarado boêmio), num botequim, conheceu um pessoal que fazia um samba que era raro de se ver em Osasco. Nessa roda estava o ‘mestre sala dos bares’ Vagner Alves. Aí ele que tem uma maneira particular de ‘pedir’ favores aos amigos falou desta maneira para o seu ‘mestre sala dos bares’ “Ô mano, amanhã eu vou trazer uma fita para você gravar só samba da antiga pra mim, falou? Se você não trouxer, eu arrebento com você, certo?” O mestre sala dos bares não pensou duas vezes, trouxe a fita bonitinha.
E desde esse dia, foram mais de quinze fitas gravadas pelo Vagninho, eles se fundiram em sambas e fitas e acabaram em um verdadeiro ‘é nois nas fitas!’. Ele pertence ao Projeto Nosso Samba, desde sua fundação, embora não se considere um dos seus idealizadores. Reconhece uma tristeza com o afastamento de alguns amigos, entre eles, é lógico o Caio Prado. Tem como sua maior alegria dentro do projeto: conhecer novas pessoas e conseqüentemente fazer amizades e conhecer o verdadeiro e bom samba brasileiro. Este é o Gutão, integrante histórico do Projeto Nosso Samba. Um partideiro preocupado com nossas dores sociais. Para ele deixamos este samba histórico de Haroldo Barbosa e Janet de Almeida “Pra que discutir com madame : Madame diz que a vida não melhora, que a raça piora, por causa do samba. Madame diz que o samba é mistura de raça, mistura de cor. Madame diz que o samba devia acabar’ Se depender do Gutão o samba e o Projeto Nosso Samba nunca irão acabar.
Rubão
[1] A idéia destes perfis é de permitir que nossas visitas possam conhecer um pouco mais da história dos integrantes do Projeto Nosso Samba.
[2] José Ramos Tinhorão, historiador e crítico musical da musica popular brasileira, publicou entre outras obras ‘Os sons que vem da rua’ e ‘Pequena história da Musica Popular Brasileira.
Existe no projeto nosso samba, um rapper que tem extrema agilidade de versejar, por mais estranho que pareça, culturalmente estou com Tinhorão[2], quando ele afirma que o ‘rap’ é a embolada dos brasileiros que perderam consciência de sua própria história cultural e popular.
Toda a agilidade mental, verbal e poética dos rappers está colada com a estória desconhecida da ‘embolada’, mas incorporada à estória de vida pessoal e familiar e que se vai passando na história familiar, sem que tenhamos consciência disso tudo.
É claro, que em nossas famílias negras, também temos um pé no samba-rock, mas músicas executadas nos bailes da periferia, durante os anos 70, enquanto se ouvia James Brown, Jorge Bem, Tim Maia e Cassiano. Esses formataram a proximidade entre a musica negra americana e a música brasileira, no período em que surgiram as bandas ‘Black Rio’ e os bailes promovidos pelas equipes que organizavam os bailes no São Paulo Chic e no Palmeiras.
Mas este corinthiano de pouco mais de vinte anos, Luiz Augusto Carvalho, Gutão, em bate-papo informal, reconheceu, denunciou e afirmou que o ‘rap’ trata da questão social e de classe e principalmente do racismo desta hipócrita sociedade brasileira. Para isso, ele lembrou a mensagem do seu querido Mano Brown, que coloca toda a revolta dele e do povo em suas letras, numa maneira de denunciar as formas de opressão social e racial do nosso país. Ele cita, “nossos motivos para lutar, ainda são os mesmos, o preconceito e o desprezo ainda são iguais. Nós somos negros, também temos nossos ideais. Racistas otários nos deixem em paz!” denunciar todo e qualquer tipo de racismo, deve fazer parte dos objetivos culturais que o Projeto Nosso Samba, como agrupamento de resistência na defesa da cultura popular.
O Gutão que tem apetite devorador, come de tudo, de jiló a pedra. Só bebe guaraná(diet) e tem além de seu ídolo Mano Brown, outros dois compositores mangueirenses entre os seus preferidos. Trata-se de Cartola e Nelson Cavaquinho. É curioso que a aspereza do Mano Brown permitiu que se conhecesse um lado mais emocionado e lírico do Gutão e para isso ele cita um outro mangueirense Carlos Cachaça (Não choro pra ninguém me ver sofrer de desgosto). Então fica provada sua origem mangueirense e sua disposição para estar sempre distribuindo sorrisos a todos que chegam no projeto, que o cumprimentam em respeito à sua dedicação ao Projeto Nosso Samba. Ele vinculou-se ao projeto, quando mudou-se para o Km18 e foi tomando um ‘refrigerante’ (estranho para um declarado boêmio), num botequim, conheceu um pessoal que fazia um samba que era raro de se ver em Osasco. Nessa roda estava o ‘mestre sala dos bares’ Vagner Alves. Aí ele que tem uma maneira particular de ‘pedir’ favores aos amigos falou desta maneira para o seu ‘mestre sala dos bares’ “Ô mano, amanhã eu vou trazer uma fita para você gravar só samba da antiga pra mim, falou? Se você não trouxer, eu arrebento com você, certo?” O mestre sala dos bares não pensou duas vezes, trouxe a fita bonitinha.
E desde esse dia, foram mais de quinze fitas gravadas pelo Vagninho, eles se fundiram em sambas e fitas e acabaram em um verdadeiro ‘é nois nas fitas!’. Ele pertence ao Projeto Nosso Samba, desde sua fundação, embora não se considere um dos seus idealizadores. Reconhece uma tristeza com o afastamento de alguns amigos, entre eles, é lógico o Caio Prado. Tem como sua maior alegria dentro do projeto: conhecer novas pessoas e conseqüentemente fazer amizades e conhecer o verdadeiro e bom samba brasileiro. Este é o Gutão, integrante histórico do Projeto Nosso Samba. Um partideiro preocupado com nossas dores sociais. Para ele deixamos este samba histórico de Haroldo Barbosa e Janet de Almeida “Pra que discutir com madame : Madame diz que a vida não melhora, que a raça piora, por causa do samba. Madame diz que o samba é mistura de raça, mistura de cor. Madame diz que o samba devia acabar’ Se depender do Gutão o samba e o Projeto Nosso Samba nunca irão acabar.
Rubão
_____________________
[1] A idéia destes perfis é de permitir que nossas visitas possam conhecer um pouco mais da história dos integrantes do Projeto Nosso Samba.
[2] José Ramos Tinhorão, historiador e crítico musical da musica popular brasileira, publicou entre outras obras ‘Os sons que vem da rua’ e ‘Pequena história da Musica Popular Brasileira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário