segunda-feira, 5 de outubro de 2009

SAMBA DE BUMBO

De acordo com o apurado na página eletrônica: www.bibliotecavirtual.sp.gov.br/, há duas variantes do samba tradicional em São Paulo, considerados como os ancestrais do samba cosmopolita. Guardam traços que os aproximam do jongo e do batuque, seus parentes próximos e por muitos considerados como seus antecessores. O de Bumbo, tem como foco de aglutinação a Festa do Bom Jesus, em Pirapora. O Lenço, a devoção familiar do grupo a São Benedito. Letras e melodias singelas e funcionais, algumas tradicionais, outras estruturadas de acordo com as circunstâncias. Ocorrência: Campinas, Pirapora, Santana do Parnaíba, etc.


Samba paulista: do bumbo à latinha de graxa

(Michell Niero)

Samba rural, samba de bumbo, samba de lenço, jongo, samba de umbigada, samba campineiro, pernada, tiririca, batuque, tambu, Samba de Pirapora. É difícil saber até onde estes termos designam uma unidade ou uma diversidade. Improvável também é designar uma maternidade ou paternidade. Foi uma somatória de influências: questões econômicas, políticas, religiosas e imigratórias. Todas elas responsáveis pela levada diferente do samba criado em São Paulo.

A importação de escravos do nordeste brasileiro para trabalhar nas lavouras de café no século XVIII, por exemplo, é vista como fundamental para o nascimento de um samba paulista. Foi desta migração que provavelmente vieram também as tradições originárias de Angola, como a umbigada ao som de tambores, que tinha como propósito homenagear a deusa da fertilidade.

Estima-se que 73% dos africanos que vieram ao Brasil são originários do que hoje é Angola, país da costa atlântica da África. Trazido pelos angolanos, o jongo e a umbigada (samba, em linguagem quimbundo) foram essenciais e trouxeram um tempero polêmico. Eram rituais de cunho religioso, fundados no ritmo e que, sobretudo na umbigada, carregavam uma estética sensual e ‘’imoral’’, na visão dos brancos europeus católicos

Um dos primeiros estudiosos dedicados ao samba paulista foi o escritor Mario de Andrade. Ele, nos anos 30, publicou o artigo ‘’O samba rural paulista’’ e de certa forma trouxe à tona uma necessidade: conhecer melhor as origens daqueles ritos animados, cercados por gente feliz e que eram vistos com grandes reservas pelos fazendeiros e pela igreja católica. Abaixo, algumas impressões do autor de Macunaíma:

“Na terminologia dos negros que observei, a palavra samba tanto designa todas as danças da noite como cada uma delas em particular. Tanto se diz ‘ontem o samba esteve melhor’ como ‘agora sou eu que tiro o samba’. A palavra ainda designa o grupo associado pra dançar sambas. ‘O dono-do-samba de São Paulo me falou que este ano o samba de Campinas não vem’’. E outros acrescentaram que ‘a qualquer momento devia chegar a Pirapora o samba de Sorocaba’. Em 1933 os negros falavam indiferentemente samba ou batuque”.

Foi neste artigo que Mário de Andrade cunhou o termo Samba Rural. Na avaliação dele, as características desta manifestação rítmica tinham relações evidentes com o ambiente criado pelas fazendas, na vinda forçada de escravos africanos, cheios de rituais, para lida nas lavouras de cana de açúcar e café em São Paulo.



Fonte: http://opatifundio.com/site/?tag=samba-de-bumbo



BLOCO DO CHORA GALO
(Toniquinho Batuqueiro)

Vem raiando o dia, vem raiando o dia
Galo cantou porque chegou a hora
Vem pra Avenida ver meu galo como chora

Galo quando canta é dia de alegria
Vamos embora...

Chora galo, cantando chora
Eu nesse embalo
Vou até o romper da aurora



Dona Clívia e Tonquinho Batuqueiro

D. CLÍVIA
(Fábio, Selito, Neto e Marcelo Benedito)

Quem transforma a tristeza em alegria?
Quem anima o mais duro coração?
Seu sorriso modifica o nosso dia,
E dançando aflora nossa emoção.

Quando a viola tocar
Dona Clívia cai no samba.

E balança pro lado de lá
E balança pro lado de cá.
E balança pro lado de cá
E balança pro lado de lá.

Firma o batuque que a mineira tá na roda.
Eta negra com história, e vitórias pra contar.
Quando criança conheceu a batucada
Rastou pé, ficou invocada
E danou a saracotear.

E balança pro lado de lá...

Quando a viola tocar
Dona Clívia cai no samba.

E balança pro lado de lá...
Quem já provou do feijão dessa Guerreira
Iabacê de primeira, nunca mais vai esquecer.
Ora Yê Yê Ô, Kaô Kabecilê
Capricha no amalá, no omolucum e no ipeté

E balança pro lado de lá...

Quando a viola tocar
Dona Clívia cai no samba.

E balança pro lado de lá...

Negra magia emana da Preta Velha
Que abençoa e aconselha
Todos em nosso Terreiro
Quanta energia, quanta graça ela alcança
Quando se entrega pra dança
De inteir'alma e corpo inteiro

E balança pro lado de lá...

Quando a viola tocar
Dona Clívia cai no samba.

E balança pro lado de lá...

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