Tempos atrás, modalidade de samba instrumental (e ocasionalmente vocal) constante de uma parte solada, chamada chula, e de um refrão. Modernamente, espécie de samba cantado em forma de desafio por dois ou mais solistas e que se compões de uma parte coral (refrão ou primeira) e uma parte solada com versos improvisados ou do repertório tradicional, os quais podem ou não se referir ao assunto do refrão. Grandes cultores do partido-alto foram Clementina de Jesus, Aniceto do Império, Geraldo Babão, Candeia, Padeirinho, e são, ainda hoje, Xangô da Mangueira, Almir Guineto, Arlindo Cruz, Zeca Pagodinho, Cláudio Camunguelo e Dudu Nobre, entre outros. Nesse contexto, Martinho da Vila se afigura como o criador de um samba partido-alto (mas não improvisado), que seria avassaladoramente consumido por alguns anos mais a partir de 1967. E nos anos 1980, o chamado pagode trouxe de volta à cena essa modalidade tão difícil quanto apreciada pelos cultores do Samba.
Fonte: Lopes, Nei. Sambeabá – O samba não se aprende na escola. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2003.
NÃO SABE, NÃO BRINCA!
(Fábio Goulart e Selito SD)
Sou mais o samba, sou brasileiro.
Eu sou da terra do Batuque Feiticeiro,
Terra de Umbanda, Candomblé e capoeira,
Cai pra roda "Camará"
Quem não é de brincadeira
Na roda firma o seu cavalo
Não brinca, pois é de bom tom respeitar
Tem preceito e fundamento
Então toma tento ou vai se machucar
Porém vacilou "vai pra roça",
Pode ter certeza que será "limado",
Pra não ficar de bobeira
Batendo cabeça pro santo errado
Sou mais o samba, sou brasileiro...
Na batucada de bamba,
No toque do candomblé,
O batuque tem segredo
No terreiro traz axé.
Mas a batucada, o toque e o batuque
Ritos brasileiros, sagrados
Não podem levar seu axé
A quem bate cabeça pra santo importado
Sou mais o samba, sou brasileiro...
Cai pro samba de roda
Mostra a sua ginga e habilidade
Na batida do pandeiro
Quem pede licença tem prioridade
Mesmo pedindo licença
Não force a presença se não for chamado
Ou vai ter que tomar “bença”
Se bancar o “prego” vai ser “martelado”
MARDITA CANINHA
(Fábio Goulart e Selito SD)
Traga um prato de tremoço
Quero um trago da marvada
Daquela cachaça que veio do norte
Com um caranguejo dentro
Só uma talagada que a danada é forte
Se eu tomar demais me arrebento
Só o cheiro da marvada
Espanta mosquito, levanta defunto
Quem fala demais até perde o assunto
Faz a goela arrepiar
Oh, butequeiro
Quem bebe ligeiro é que tomba primeiro
Cuidado com dose, não quero overdose
Hoje não há mágoa que eu queira afogar
Traga um prato de tremoço...
Amarelinha
Toda perfumosa, êta danadinha!
Êta cana cheirosa, “mardita” caninha
Que de mim não quer largar
Se diz “seleta”
Se diz “boazinha”, é pura “sedução”
Causa muita mágoa e pra muita gente
Essa moça ardente é “desilusão”
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