terça-feira, 3 de novembro de 2009

Atividades do PNS em Novembro


Salve salve, Gente boa gente! Bem, o ano já está terminando. Estamos já no mês de novembro, mês da Consciência Negra e no qual nós do PROJETO NOSSO SAMBA encerramos as atividades do ano na Casa de Angola. São dois os encontros restantes. São mais duas Rodas que acontecem nos dias 8: próximo domingo e 22: quando ocorre a última Roda cujo tema é a Consciência Negra.

Na ocasião será encenada a peça PERIFERIA pelo Grupo Teatral Crianças do Morro, coordenado por Adriana Aparecida de Souza (Drika). A Peça diz a respeito do cotidiano das periferias, com suas violências (fisicas, psicológicas e morais), com cenas criadas a partir de pesquisas e depoimentos dos participantes; assim como seus desejos para uma sociedade não violenta, e sua luta em prol da paz. Trata-se da realidade vivida pela população de baixa renda.

Haverá ainda apresentação do PROJETO NOSSO SAMBA na Ação educativa no dia 14 de novembro. A partir da 16h00 será exibido o documentário SAMBA NO TERREIRO, DEZ ANOS DE HISTÓRIA de Regyna Santos. O filme versa sobre a história do PNS por meio de depoimentos de seus integrantes. Após o documentário os tambores irão ecoar com a nossa tradicional Roda de Samba.

Bem, é isso... Contamos com sua presença!

Em nome de todos(as) do PNS,

Abraços e saudações sambísticas!

Selito SD.

AGENDA PROJETO NOSSO SAMBA 2009

Família PNS na Celebração de seus 10 anos

Salve gente boa gente do samba e ou simpatizante!

Disponibilizamos abaixo nosso calendário 2009 com os domingos de encontros do PROJETO NOSSO SAMBA e a tradicional Roda de Samba, sempre na Casa de Cultura Afro-Brasileira CASA DE ANGOLA, a partir das 16h00. Atente que a data do próximo encontro estará, sempre na cor vermelha, certo? Aguardamos a sua presença.

Um forte abraço e...


SAUDAÇÕES SAMBÍSTICAS!

No ano de 2009 nossas Rodas acontecerão em:

FEVEREIRO (Retorno das atividades): Dia 15
(Obs: 24.02.09, terça-feira de carnaval)

MARÇO: Dias 01, 15 e 29
.
ABRIL: Dias 05 (Almoço) e 26
(Obs: 10.04.09, sexta-feira da Paixão e 21, terça-feira, dia de Tiradentes)

MAIO: Dias 10, 17 e 31
(Obs: 1º.05.09, sexta-feira, Dia do trabalhador, e 10.05.09, domingo, é dia das Mães)

JUNHO: Dias 07 e 21
(Obs: 11.06.09 quinta-feira, Corpus Christi)

JULHO: Dias 05 e 19

AGOSTO: Dias 02 (celebração do dia da Capoeira a partir das 14h), 16 (Almoço) e 30

SETEMBRO: Dia 13
(Obs: 07.09.09 segunda-feira, dia da Independência do Brasil)

OUTUBRO: Dias 04 (Festa do 11º Aniversário do PNS) e 18
(Obs: 12.10.09 segunda-feira, dia de Nossa Senhora Aparecida)

NOVEMBRO: DiaS 08 e 22
(Obs: 02.11.09 segunda-feira, dia de Finados; 15.11.09, domingo, Proclamação da República e; 20.11.09, Consciência Negral)

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Projeto Nosso Samba - Especial 11anos

Movimento Cultural

PROJETO NOSSO SAMBA

Caderno especial – 11 anos

Movimento Cultural PROJETO NOSSO SAMBA na CASA DE ANGOLA

Osasco - SP - Brasil

http://www.projetonossosamba.org/

Outubro de 2009



APRESENTAÇÃO

Salve, salve, Gente boa gente do samba e simpatizantes!

Estamos celebrando os 11 anos de vida, de história, de luta do Movimento Cultural PROJETO NOSSO SAMBA de Osasco. Estamos, pois na pré-adolescência, etapa importante da vida, do processo de autoconstrução de nosso grupo comunitário. Após os dez anos e cumpridas uma série de etapas projetadas e efetivadas, vivemos um momento de profunda reflexão, no sentido de buscar a partir de debates, discussões entre nossos convivas, idéias novas e ou renovadas geradoras de novos projetos a serem encampados na seqüência do processo de transformação do mundo em que vivemos... transformação que deve acontecer, primeiramente, dentro de cada um de nós para que posteriormente possa então de modo efetivo e consistente ser aplicada às coisas do mundo externo a nós outros.

Bem... Após este breve preâmbulo pseudo-filosófico vou de vez ao que interessa que é apresentar-lhes nosso Caderno Especial do 11º Aniversário, para o qual adotamos como tema os ritmos brasileiros. A bem da verdade, alguns dos ritmos brasileiros, da ancestralidade do samba à variantes deste, a saber: jongo, coco, samba de roda, maxixe, ijexá, samba de bumbo, calango, samba de breque, samba enredo, samba exaltação, samba de partido alto e samba de terreiro. A idéia é brincar informando, mostrando, de modo didático e descontraído a riqueza do legado cultural afro-brasileiro.

Compõem esta edição, revisada por Lu Santos e Fábio Goulart, os textos de: Fábio Goulart que versa sobre o espírito reinante nesse processo que é o Projeto Nosso Samba; Américo Frigo que descreve sobre seu encontro com o Projeto Nosso Samba e sua impressão primeira da comunidade; Thiago Mendonça apresenta seu documentário sobre o bairro de Santa Ifigênia que passa pelo processo de destruição de sua história ligada aos socialmente desvalidos, em favor, mais uma vez, dos abastados; Francisco Crozera que discorre sobre o samba e suas origens; e um apanhado de outros breves textos versando sobre ritmos selecionados e colhidos por Izabel Borges. Há uma série interessante de fotos e imagens que foram colhidas na internet, algumas e outras são de arquivo do PNS. Algumas foram cedidas por Thiago Mendonça e a maior parte delas é de autoria de Regyna Santos.

Os textos sobre os ritmos estão acompanhados, quase todos, de músicas que serão interpretadas por nossa tradicional Roda de Samba, a maior parte, composições de autores do Projeto Nosso Samba, mas não só, algumas composições consagradas por baluartes de nossa cultura também aqui constam e serão entoadas em nossa kizomba.

Para finalizar, todos(as) são bem-vindos(as) ao nosso Terreiro e estão convidados(as) a partilhar conosco da vital energia que paira sobre este chão. Sintam-se acolhidos(as) e abraçados(as)!

Saudações Sambísticas!!!

Selito SD


Índice (acesse os demais textos pelos links abaixo)

ESTE É O NOSSO CHÃO

GOIABADA CASCÃO EM CAIXA

SANTA IFIGÊNIA E SEUS PECADOS

SAMBA E SUAS ORIGENS


JONGO

COCO (DANÇA)

SAMBA DE RODA

MAXIXE

IJEXÁ

SAMBA DE BUMBO

CALANGO

SAMBA DE BREQUE

SAMBA-ENREDO

SAMBA EXALTAÇÃO

SAMBA DE PARTIDO-ALTO

SAMBAS DO TERREIRO

SAMBAS DE TERREIRO

Samba sem compromisso com enredo, que os compositores de escola de samba produzem para animar os ensaios e outras festas de suas comunidades. Outrora eram típicos sambas de meio de ano. Depois, alguns se tornaram sucessos carnavalescos.

Fonte: Lopes, Nei. Sambeabá – O samba não se aprende na escola. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2003.


DEU SAMBA
(Fábio Goulart, Caio Prado e Selito SD)

Tudo o que o povo vive acaba em samba
O cotidiano, a vitória, a derrota, o amor
Se o time do peito perdeu
Se a escola de samba ganhou
Depende da caneta do compositor

A mulata faceira mexendo as cadeiras
Deu samba!
E aquela chacina, aquela propina
Deu samba!
E aquele sorriso inocente
Que mesmo sem dente brincou o carnaval
Deu samba! Deu samba! Deu samba!

A alta do dólar, a falta de escola
Deu samba!
Moleque na rua pedindo esmola
Deu samba!
E aquela menina que veio do norte
Porém não deu sorte, ficou na esquina
Deu samba!, Deu samba !, Deu samba !


MARÉ BRAVA
(Ari Empolgação)

Recolhi a rede que a maré não tá pra peixe

Temporal se armou dentro do meu barracão


A porta do fundo fechada
Na da frente meu amor
Vigiando os meus passos
pra saber aonde vou

Mágoas passadas só regam espinhos
Coração não é moradia de rancor
Lavou meu terno em plena Sexta-feira
Meu sapato também encharcou

E madrugada
Tens inimiga residindo em meu lar
Se hoje eu não vou ao meu encontro
Amanhã você pode esperar



Aqui inserimos um samba do Terreiro, não necessariamente um samba de terreiro, uma das mais novas criações da Comunidade PNS.

Deixa Estar

(Chico Crozera)

Deixa estar, vê se esquece
Se fortalece pra amanhã poder lutar
E deixa entrar a dor no peito
Adormece em lamento pra amanhã poder cantar
E aprender com o amor desfeito
Enfrentando o tormento que a solidão nos traz

A vida tem suas desventuras
Pra quem se atreve a tentar
Fazer tudo aquilo que ama
Amando sem medo de amar
É melhor uma desilusão
Do que não poder sonhar
Quem se fere por sua coragem
Não derrama um pranto vulgar
Esse jogo ainda não terminou
Amanhã tudo pode mudar
E essa dor, deixa estar

SAMBA DE PARTIDO-ALTO

Tempos atrás, modalidade de samba instrumental (e ocasionalmente vocal) constante de uma parte solada, chamada chula, e de um refrão. Modernamente, espécie de samba cantado em forma de desafio por dois ou mais solistas e que se compões de uma parte coral (refrão ou primeira) e uma parte solada com versos improvisados ou do repertório tradicional, os quais podem ou não se referir ao assunto do refrão. Grandes cultores do partido-alto foram Clementina de Jesus, Aniceto do Império, Geraldo Babão, Candeia, Padeirinho, e são, ainda hoje, Xangô da Mangueira, Almir Guineto, Arlindo Cruz, Zeca Pagodinho, Cláudio Camunguelo e Dudu Nobre, entre outros. Nesse contexto, Martinho da Vila se afigura como o criador de um samba partido-alto (mas não improvisado), que seria avassaladoramente consumido por alguns anos mais a partir de 1967. E nos anos 1980, o chamado pagode trouxe de volta à cena essa modalidade tão difícil quanto apreciada pelos cultores do Samba.

Fonte: Lopes, Nei. Sambeabá – O samba não se aprende na escola. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2003.


NÃO SABE, NÃO BRINCA!
(Fábio Goulart e Selito SD)

Sou mais o samba, sou brasileiro.
Eu sou da terra do Batuque Feiticeiro,
Terra de Umbanda, Candomblé e capoeira,
Cai pra roda "Camará"
Quem não é de brincadeira

Na roda firma o seu cavalo
Não brinca, pois é de bom tom respeitar
Tem preceito e fundamento
Então toma tento ou vai se machucar

Porém vacilou "vai pra roça",
Pode ter certeza que será "limado",
Pra não ficar de bobeira
Batendo cabeça pro santo errado

Sou mais o samba, sou brasileiro...

Na batucada de bamba,
No toque do candomblé,
O batuque tem segredo
No terreiro traz axé.

Mas a batucada, o toque e o batuque
Ritos brasileiros, sagrados
Não podem levar seu axé
A quem bate cabeça pra santo importado

Sou mais o samba, sou brasileiro...

Cai pro samba de roda
Mostra a sua ginga e habilidade
Na batida do pandeiro
Quem pede licença tem prioridade

Mesmo pedindo licença
Não force a presença se não for chamado
Ou vai ter que tomar “bença”
Se bancar o “prego” vai ser “martelado”


MARDITA CANINHA
(Fábio Goulart e Selito SD)

Traga um prato de tremoço
Quero um trago da marvada
Daquela cachaça que veio do norte
Com um caranguejo dentro
Só uma talagada que a danada é forte
Se eu tomar demais me arrebento

Só o cheiro da marvada
Espanta mosquito, levanta defunto
Quem fala demais até perde o assunto
Faz a goela arrepiar

Oh, butequeiro
Quem bebe ligeiro é que tomba primeiro
Cuidado com dose, não quero overdose
Hoje não há mágoa que eu queira afogar

Traga um prato de tremoço...

Amarelinha
Toda perfumosa, êta danadinha!
Êta cana cheirosa, “mardita” caninha
Que de mim não quer largar

Se diz “seleta”
Se diz “boazinha”, é pura “sedução”
Causa muita mágoa e pra muita gente
Essa moça ardente é “desilusão”

SAMBA EXALTAÇÃO

Samba de caráter pomposo e grandioso, com letra patriótico-ufanista e com arranjo orquestral pomposo. O protótipo do gênero é Aquarela do Brasil, de Ary Barroso, gravado pela primeira vez na voz de Francisco Alves. No auge do Estado Novo, esses sambas eram, em geral, feitos sob inspiração do órgão de propaganda do governo e lançados no teatro de revista, para exaltar as virtudes da terra e do povo brasileiro. Os grandes autores do gênero foram, além de Ary Barroso, os compositores e letristas Vicente Paiva, Alcyr Pires Vermelho, Chianca Garcia, Luís Peixoto e David Nasser, entre outros.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Lopes, Nei. Sambeabá – O samba não se aprende na escola. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2003.


Grito Portelense
(Sandro Siano)

Os refletores da avenida se acenderam
Quando ouviram o ecoar do som.
Era a batida de um surdo com pandeiro
E havia uma cuíca na marcação.

Mais tarde chegou uma voz dizendo:
Eu trouxe as pastorinhas e os pastores
Para mostrar o que estamos fazendo.

Não resistindo a platéia levantou,
E um grito forte da garganta então soltou:

É a Portela, com seu azul e branco,

Veio coberta com seu manto
Representar o carnaval


Coração em Verde e Branco
(Selito SD)

Seu verde e branco tingiu o meu coração
Que inflou-se tanto que quase me estoura o peito.
Um forte tranco que fêz me pegar de jeito
E aos quatro cantos propagar com devoção

Seu grito, canto de fé, sua tradição
Batuque banto com o qual danço e me deleito
Seus lindos manto e pavilhão impõem respeito
E que orgulho é ver a sua evolução!

Estes meus versos seus lhe exaltam a história
Que forjada na luta intensa e profunda
É sim, a marca dos que não vivem de brisa

E a sua velha guarda lhe guarda a memória
E vai cantando em glórias a barra funda
E é só por isso que eu visto essa camisa...

SAMBA-ENREDO

O samba-enredo, também chamada de samba de enredo, é um sub-gênero do Samba moderno, surgido no Rio de Janeiro na década de 1930, feito especificamente para o desfile de uma escola de samba.

Modalidade de samba que consiste em letra e música criadas a partir do resumo do tema escolhido como enredo da escola de samba.
Considera-se como primeiro samba-enredo, um samba da Unidos da Tijuca cantado no desfile de 1933, embora haja controvérsias sobre o assunto.

Até 1947 as escolas de samba cantavam durante o desfile, dois ou três sambas que não faziam alusão ao enredo. Composto de um refrão pronto anteriormente e, durante o desfile, eram feitas improvisações. Em 1946, a instituição que, à época, organizava os desfiles das escolas de samba, proibiu a improvisação, exigindo que todas usassem o samba-enredo, que já havia surgido, sendo cantado eventualmente por algumas escolas.

Ficou famoso neste ano o caso da escola de samba Prazer da Serrinha, que ensaiou o samba-enredo "Conferência de São Francisco" (de autoria de Silas de Oliveira e Mano Décio da Viola), mas no momento do desfile acabou por apresentar um samba de terreiro, o que levou a escola a uma má colocação e precipitou o surgimento da dissidência Império Serrano, no mesmo ano.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Lopes, Nei. Sambeabá – O samba não se aprende na escola. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2003.


COLORADO DO BRÁS
Catopê do Milho Verde de escravo a Rei da Festa
(Rona Gonzaguinha/ Xixa/ Dom Marcos/ Edinho/ Minho)

Quilombo espalhou suas raízes
E fez sua semente germinar
Em ricas terras mineiras
Do milho verde vem o canto pelo ar

Grupos de negros legendários
Catopés tradicionais
Fazem do festejo do Rosário
Cenários dos nossos ancestrais

É bambaquerê que faz o corpo remexer
É bambabalá que sacode pra lá e pra cá
É arruda e guiné espantando todo mau olhar

Em forma de quilombo na avenida
Colorado se agita no desfile principal

E vem, vem mostrar ao mundo inteiro
Que o negro brasileiro
Canta e livre faz seu carnaval

Cantando amor eu vou, porque feliz estou
É que a felicidade não tem cor.

É manhã de paz
Que abraça e faz as peles mais unidas
Que beleza, não criou raças
Deus apenas criou vidas


NENÊ DA VILA MATILDE
Palmares, raiz da liberdade
(Armando da Mangueira - Jangada)

Olha o tombo
É samba de conga e tem dendê
Chegou novo quilombo
E o seu nome é Nenê

Oiá princesa, Zumbi oiá
A nobreza de Palmares...
Viemos exaltar

É claridade...
Brilha a raíz da liberdade

Zumbi lutou...
Até que a morte o libertou
E uma nova aurora conquistou

Ôôô, se ouvia um feroz clamor...
Ôôô, se cuida branco
Que o negro não tem senhor

Do terrível horror do cativeiro
Ao explendor
Palmares um quilombo pioneiro
Superou a dor
O negro soube se unir
Ao índio e ao branco pobre
Eram três raças a sorrir
Era um Brasil mais nobre

SAMBA DE BREQUE

Samba de caráter humorístico, sincopado, com paradas repentinas, nas quais o cantor introduz comentários falados, referentes ao tema que está sendo cantado. A palavra breque vem do inglês break (ruptura, interrupção, e designa também, em algumas regiões, o freio do automóvel). O gênero, ao que consta, teria sido criado em 1936 por Moreira da Silva, numa interpretação de Jogo Proibido, de Tancredo Silva. E o nome de Moreira está, até hoje, indissoluvelmente ligado ao samba de breque, só encontrando paralelo nas interpretações de Jorge Veiga. Quase sambas de breque são os sincopados Minha Palhoça (J. Cascata, 1935) e seu gêmeo Risoleta (Raul Marques e Moacir Bernadino, 1937). Autores importantes do gênero foram também: Cícero Nunes, Sebastião Fonseca, Ribeiro Cunha (letrista do clássico Na Subida do Morro e de vários exemplares do gênero, falecido em 1991, aos noventa anos de idades), Zé da Zilda e, mais recentemente, Miguel Gustavo, entre outros. Nos anos 1970 e 1980, o cantor e compositor João Nogueira gravou alguns sambas de breque. E, em 1999, no CD Sincopando o Breque, o autor desse livro revisitou o estilo.

Fonte: Lopes, Nei. Sambeabá – O samba não se aprende na escola. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2003.


ORKUT DA VALDETE
(Fábio Goulart e Ninão)

Tome cuidado José,
Sua atitude está sendo manjada,
Até a dona encrenca já anda invocada
E está trabalhando em sua intenção
(preste atenção cidadão)

Seu Zé, outrora sua vida era um sufoco,
Por causa de um torresmo
Você perde um porco,
E ainda descola uma confusão
(se liga ai vacilão).

Você andava na pior
Até que a dona encrenca lh’estendeu a mão
Dando-lhe casa, comida e colchão
E hoje tem a vida que pediu a Deus
(dizia a todos que era ateu)

Depois, que se meteu com a tal Internet
E conheceu uma tal de Valdete
Já esqueceu de tudo que você viveu.
É que o orkut da Valdete
É bem conhecido pelos internéticos
Que amigos ficaram perplexos
Ao saber da sua disposição
E me mandaram lhe avisar
Que ela tem três pernas e uma levanta,
Tome cuidado que essa coca é fanta
E vai lhe ocasionar uma decepção
(Isso ai vai dar merda).


GAFIEIRA DO SOM DE CRISTAL
(Paulo Pontes)



Fotocomposição – SSD
Fonte: www.restaurantecolherdepau.com.br/bonde35sb.jpg

O trinta e cinco vinha da praça do correio
Trazendo a nega ao encontro do Benedito
Corria o trecho da av. S. João
Ele passava ali na lapa, na estação

Com um terno branco e um cravo na lapela
Chapéu de palha e um pisante bicolor
E no detalhe uma camisa de voal
Todo elegante, bem vestido coisa e tal

E o casal pegava o bonde novamente
E regressava para o centro da cidade
O endereço era a rua Rego Freitas
Na gafieira do salão som de cristal

E Benedito com sua nega eram destaque
Os dois brilhavam
Mais que as luzes do salão
Era perfeito o sincronismo e o gingado
Que até da orquestra
Eles chamavam a atenção

CALANGO

Segundo o Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira, trata-se de Dança típica do norte de Minas Gerais e também do Rio de Janeiro. É dançada por pares e com passos muitos simples em ritmo 2/4. No calango cantado temos o improviso do solista e repetição do refrão por parte do coro. Também aparece na forma de desafio entre dois cantadores. O instrumento tradicional de acompanhamento é a sanfona de oito baixos. Um de seus principais divulgadores na virada do século XX para o século XXI é Téo Azevedo, mineiro conhecido como o cantador de Alto Belo, que em 2000 lançou o CD "Forró, calango e blues", onde aparecem as composições "Calango do pé de bode", "Calango fandango" e "Cutuca no calango", todos de sua autoria.

De acordo com o apurado na página eletrônica: http://www.folclore.adm.br/dancas.html, trata-se de variante do fandango, é dança popular em Minas Gerais e Rio de Janeiro. Em Minas, o fandango se "amineirou e se transformou no calango, uma dança em ritmo quaternário, comum na região de Montes Claros (MG). " O fandango, nasceu dança vigorosa de tropeiros que o aprenderam no extremo sul do país, com seus colegas uruguaios. Sofreu modificações nas diversas regiões onde chegou e ainda é cultivado em alguns núcleos por todo o país, como no litoral paranaense. Resultante da mistura da música dos brancos da roça com a dos negros escravos, o calango firmou-se especialmente no Rio de Janeiro rural e em Minas Gerais. Martinho da Vila, fluminense de Duas Barras, compôs e gravou alguns bons calangos, puxados na viola e com instrumentos percussivos.


COITÉ E CUIA
(Wilson Moreira e Nei Lopes)

Na coité bebi cachaça
De cana caiana, purinha
Comendo com a mão na cuia
Pirão no molho e farinha

Coité foi cuia que é a metade da cabaça
Quando tomo umas cachaça
Como quase um murundu
Fico danado pra comer pirão no molho
Carne-seca com repolho
Desfiada com tutu

Na coité bebi cachaça
De cana caiana, purinha
Comendo com a mão na cuia
Pirão no molho e farinha

Coité da boa para ser coité de fato
Tem que se cortar no mato
Pra depois deixar secar
Pra fazer cuia também tem que ter ciência
Quem não tiver competência
Não vai ter bom paladar

Na coité bebi cachaça
De cana caiana, purinha
Comendo com a mão na cuia
Pirão no molho e farinha

Couve à mineira pede tutu com torresmo
Mas tutu pra ser bom mesmo
Tem que se comer com a mão
Com a mão na cuia e a coité molhando a boca
Pode ter farinha pouca que primeiro é meu pirão

SAMBA DE BUMBO

De acordo com o apurado na página eletrônica: www.bibliotecavirtual.sp.gov.br/, há duas variantes do samba tradicional em São Paulo, considerados como os ancestrais do samba cosmopolita. Guardam traços que os aproximam do jongo e do batuque, seus parentes próximos e por muitos considerados como seus antecessores. O de Bumbo, tem como foco de aglutinação a Festa do Bom Jesus, em Pirapora. O Lenço, a devoção familiar do grupo a São Benedito. Letras e melodias singelas e funcionais, algumas tradicionais, outras estruturadas de acordo com as circunstâncias. Ocorrência: Campinas, Pirapora, Santana do Parnaíba, etc.


Samba paulista: do bumbo à latinha de graxa

(Michell Niero)

Samba rural, samba de bumbo, samba de lenço, jongo, samba de umbigada, samba campineiro, pernada, tiririca, batuque, tambu, Samba de Pirapora. É difícil saber até onde estes termos designam uma unidade ou uma diversidade. Improvável também é designar uma maternidade ou paternidade. Foi uma somatória de influências: questões econômicas, políticas, religiosas e imigratórias. Todas elas responsáveis pela levada diferente do samba criado em São Paulo.

A importação de escravos do nordeste brasileiro para trabalhar nas lavouras de café no século XVIII, por exemplo, é vista como fundamental para o nascimento de um samba paulista. Foi desta migração que provavelmente vieram também as tradições originárias de Angola, como a umbigada ao som de tambores, que tinha como propósito homenagear a deusa da fertilidade.

Estima-se que 73% dos africanos que vieram ao Brasil são originários do que hoje é Angola, país da costa atlântica da África. Trazido pelos angolanos, o jongo e a umbigada (samba, em linguagem quimbundo) foram essenciais e trouxeram um tempero polêmico. Eram rituais de cunho religioso, fundados no ritmo e que, sobretudo na umbigada, carregavam uma estética sensual e ‘’imoral’’, na visão dos brancos europeus católicos

Um dos primeiros estudiosos dedicados ao samba paulista foi o escritor Mario de Andrade. Ele, nos anos 30, publicou o artigo ‘’O samba rural paulista’’ e de certa forma trouxe à tona uma necessidade: conhecer melhor as origens daqueles ritos animados, cercados por gente feliz e que eram vistos com grandes reservas pelos fazendeiros e pela igreja católica. Abaixo, algumas impressões do autor de Macunaíma:

“Na terminologia dos negros que observei, a palavra samba tanto designa todas as danças da noite como cada uma delas em particular. Tanto se diz ‘ontem o samba esteve melhor’ como ‘agora sou eu que tiro o samba’. A palavra ainda designa o grupo associado pra dançar sambas. ‘O dono-do-samba de São Paulo me falou que este ano o samba de Campinas não vem’’. E outros acrescentaram que ‘a qualquer momento devia chegar a Pirapora o samba de Sorocaba’. Em 1933 os negros falavam indiferentemente samba ou batuque”.

Foi neste artigo que Mário de Andrade cunhou o termo Samba Rural. Na avaliação dele, as características desta manifestação rítmica tinham relações evidentes com o ambiente criado pelas fazendas, na vinda forçada de escravos africanos, cheios de rituais, para lida nas lavouras de cana de açúcar e café em São Paulo.



Fonte: http://opatifundio.com/site/?tag=samba-de-bumbo



BLOCO DO CHORA GALO
(Toniquinho Batuqueiro)

Vem raiando o dia, vem raiando o dia
Galo cantou porque chegou a hora
Vem pra Avenida ver meu galo como chora

Galo quando canta é dia de alegria
Vamos embora...

Chora galo, cantando chora
Eu nesse embalo
Vou até o romper da aurora



Dona Clívia e Tonquinho Batuqueiro

D. CLÍVIA
(Fábio, Selito, Neto e Marcelo Benedito)

Quem transforma a tristeza em alegria?
Quem anima o mais duro coração?
Seu sorriso modifica o nosso dia,
E dançando aflora nossa emoção.

Quando a viola tocar
Dona Clívia cai no samba.

E balança pro lado de lá
E balança pro lado de cá.
E balança pro lado de cá
E balança pro lado de lá.

Firma o batuque que a mineira tá na roda.
Eta negra com história, e vitórias pra contar.
Quando criança conheceu a batucada
Rastou pé, ficou invocada
E danou a saracotear.

E balança pro lado de lá...

Quando a viola tocar
Dona Clívia cai no samba.

E balança pro lado de lá...
Quem já provou do feijão dessa Guerreira
Iabacê de primeira, nunca mais vai esquecer.
Ora Yê Yê Ô, Kaô Kabecilê
Capricha no amalá, no omolucum e no ipeté

E balança pro lado de lá...

Quando a viola tocar
Dona Clívia cai no samba.

E balança pro lado de lá...

Negra magia emana da Preta Velha
Que abençoa e aconselha
Todos em nosso Terreiro
Quanta energia, quanta graça ela alcança
Quando se entrega pra dança
De inteir'alma e corpo inteiro

E balança pro lado de lá...

Quando a viola tocar
Dona Clívia cai no samba.

E balança pro lado de lá...

IJEXÁ


Ossain – fonte: http://pt.netlogstatic.com/

Ijexá em português (escreve-se Ijesá na ortografia Yoruba), são um sub-grupo étnico dos Yorubas.

Ijexá é uma nação do Candomblé, formada pelos escravos vindos de Ilesa na Nigéria, em maior quantidade na região de Salvador, Bahia.

O Ijexá resiste atualmente como ritmo musical presente nos Afoxés. Dentro do Candomblé é essencialmente um ritmo que se toca para os Orixás, Oxum, Ossain, Ogum, Logum-edé, Exu, Oba, Oyá-Yansan e Oxalá.

Ritmo suave mas de batida e cadência marcadas de grande beleza, no som e na dança. O Ijexá é tocado exclusivamente com as mãos, os aquidavis ou baquetas não são usados nesse toque, sempre acompanhado do Gã (agogô) para marcar o compasso. O Afoxé Filhos de Gandhi da Bahia, é talvez o mais tenaz dos grupos culturais brasileiros na preservação desse ritmo. Eles basicamente só tocam Ijexá e assim ele se mantém vivo, tornando-se uma Herança de África, viva aqui na América Latina.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

SALVE NOSSA GENTE
(Fábio e Selito)

Vamos reverenciar
A esse povo que batalha
Que alimenta essa fornalha
Que tem lenha pra queimar
Traz na carne a navalha
Mas não cansa de lutar

Salve a nossa gente!

Que luta, que sonha, que vive, que sente
Tem capacidade, é inteligente,
Enfrenta a vida olhando de frente,
Tem sempre uma história pra contar.

Salve a nossa gente!

Dos descaminhos
A que é conduzida e posta a perder
Dos vis abutres
Dos chupins, dos vampiros, dos chacais
Da gentalha
Que alimenta o seu subdesenvolver
Da ingerência dos patrões,
Dos chefes neoliberais
Das algemas, dos grilhões
Que tanto insistem prender

Salve a nossa gente.
(contra canto)
Preta, índia, mestiça, sofrida
Preta, índia, mestiça, aguerrida


GRITO DE LIBERDADE
(Fábio Goulart e Selito SD)

O negro no cativeiro
O negro na escravidão
Lutou pela liberdade,
Chamado nêgo fujão
Formou nova sociedade,
Quilombo era a solução

Êêêêêê ganga zumba, ê dandara, ê zumbi

Êêêêê ôôôô
Um grito ecoa no tempo
Acorda negro que o seu dia chegou

E o negro acordou
Contra a adversidade
Vem lutando noite e dia
A tristeza se combate com alegria
Preservando suas origens
Vencerá qualquer demanda
Negro canta, negro dança, negro samba

Samba ê, samba ê, samba ê, ê, ê, samba!

E batendo seu tambor
Faz valer sua verdade
Afirmando noite e dia
Sua beleza, sua riqueza com energia
Candombe, maracatu
Candomblé, jongo e umbanda
Negro canta; negro dança; negro samba

Samba ê, samba ê, samba ê, ê, ê, samba!

MAXIXE

Dança urbana surgida no Rio de Janeiro por volta de 1870. Segundo José Ramos Tinhorão, o maxixe desenvolveu-se a partir do momento em que a polca, gênero musical de origem européia e tocado nos salões da corte imperial e da alta classe média carioca, sempre ao piano, passou a ser tocada por músicos populares chamados chorões, influenciados pela rítmica africana e com a utilização de flauta, violão e oficlide.

Tais grupos costumavam animar festas em casas populares tocando polcas, valsas e mazurcas. Para o pesquisador Renato de Almeida, em sua História da Música Brasileira, o maxixe seria "uma adaptação de elementos que se fixaram num tipo novo, de dança popular com uma coreografia cheia de movimentos requebrados e violentos, muitos deles emprestados ao batuque e ao lundu". Já para Mário de Andrade, o maxixe seria a primeira dança genuinamente nacional e que teria nascido a partir da fusão do tango e da havaneira com a rítmica da polca, tendo ainda uma adaptação da síncopa afro-brasileira.

O maxixe, portanto, surgiu a partir da mistura de diferentes ritmos e ganhou sua configuração definitiva enquanto dança nas festas da Cidade Nova e nos cabarés da Lapa. Segundo José Ramos Tinhorão: "Transformada a polca em maxixe, via lundu dançado e cantado, através de uma estilização musical efetuada pelos músicos dos conjuntos de choro, para atender ao gosto peculiar dos dançarinos das camadas populares da Cidade Nova, ia chegar ao conhecimento das demais classes sociais do Rio de Janeiro (...)".

A designação de "maxixe" à música e à dança surgidas na região da Cidade Nova atesta o seu caráter popular ligado às classes mais baixas da sociedade carioca da época, uma vez que a palavra era usada para designar coisas de pouco valor. Ao que parece, a primeira apresentação do maxixe em palcos de teatro da cidade do Rio de Janeiro ocorreu em 1883, quando o ator Francisco Correia Vasques apresentou o espetáculo "Aí, Caradura!", cuja maior atração eram os trechos cantados e dançados de maxixes.



O maxixe
fonte: http://www.tangoporsisolo.com.br/maxixe.jpg

No entanto, o maxixe somente virou verdadeiramente um sucesso que abarcou quase toda a cidade a partir da apresentação de "As laranjas da Sabina", de Artur Azevedo na revista "República". A partir de então esse gênero logrou um período de sucesso de quase 40 anos, sendo presença certa em praticamente todas as revistas musicais.

No final do século XIX começaram a aparecer as primeiras partituras com maxixes, "quando as casas editoras o reconheceram como gênero musical específico", segundo Cravo Albin. Alguns compositores que se destacaram com este tipo de composição foram Eduardo Souto, Sinhô, Sebastião Cirino, Romeu Silva, J. Bicudo e eventualmente, Chiquinha Gonzaga.

Muitos críticos até hoje comentam que o samba primordial, "Pelo telefone", de Donga e Mauro de Almeida, não era senão um maxixe na sua forma musical. Bem como também seria maxixe boa parte dos sambas de Sinhô, inclusive os clássicos "Jura", "De que vale a nota sem os carinhos da mulher", "Vamos deixar de intimidade" e "Gosto que me enrosco".

Fonte: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira

NEGO ATREVIDO
(Selito SD e Lu Santos)

Vem já pra roda, menina. O que é que há?
Deixa de moda, menina. Venha brincar
Vem que este nêgo te ensina
Que o samba te contamina
Vem já pra roda, menina. Venha sambar

Até que és bem ajeitado
Mas não, não vou dançar contigo
Eu sei que és nêgo sambado
E também um tanto atrevido

Eu sei que sou bem ajeitado
Porque não vens dançar comigo?
Não, eu não sou um nêgo sambado
E nem tampouco atrevido

Bem sei que o samba contamina
Sambar faz parte da m’nha sina
Mas com um nêgo serenado
Não vou gastar meu bailado


PELO TELEFONE
(Donga e Mauro de Almeida)

O chefe da folia, pelo telefone
Mandou me avisar
Que com alegria não se questione
Para se brincar!

Ai, ai, ai!
Deixa as mágoas para trás, ó rapaz!
Ai, ai, ai, ai!
Fica triste se és capaz e verás!

Tomara que tu apanhes, não tornes a fazer isso!
Tirar amores dos outros, depois fazer teu feitiço!

Olha, a rolinha (Sinhô! Sinhô!)
Se embaraçou (Sinhô! Sinhô!)
Caiu no laço (Sinhô! Sinhô!)
Do nosso amor (Sinhô! Sinhô!)
Porque este samba (Sinhô! Sinhô!)
É de arrepiar (Sinhô! Sinhô!)
Põe perna bamba (Sinhô! Sinhô!)
Mas faz gozar!

O chefe da polícia, pelo telefone,
Manda me avisar
Que, na Carioca tem uma roleta
Para se jogar!

Ai, ai, ai!
Deixa as mágoas para trás, ó rapaz!
Ai, ai, ai, ai!
Fica triste se és capaz e verás!

Olha a rolinha (Sinhô! Sinhô!)
Se embaraçou (Sinhô! Sinhô!)
É que a vizinha (Sinhô! Sinhô!)
Nunca sambou (Sinhô! Sinhô!)
Porque este samba (Sinhô! Sinhô!)
É de arrepiar (Sinhô! Sinhô!)
Põe perna bamba (Sinhô! Sinhô!)
Mas faz gozar!

SAMBA DE RODA



Samba de roda – fonte: http://3.bp.blogspot.com


Samba de roda é uma variante musical mais primitiva do samba, originário do estado brasileiro da Bahia, provavelmente no século XIX.

O samba de roda é um estilo musical tradicional afro-brasileiro, associado a uma dança que por sua vez está associada à capoeira. É tocado por um conjunto de pandeiro, atabaque, berimbau, viola e chocalho, acompanhado principalmente por canto e palmas.

O Samba de Roda é uma mistura de música, dança, poesia e festa. Presente em todo o estado da Bahia, o samba é praticado, principalmente, na região do Recôncavo. Mas o ritmo se espalhou por várias partes do país, sobretudo Pernambuco e Rio de Janeiro. O Rio de Janeiro, já na sua condição de Distrito Federal, se tornou conhecido como a capital mundial do samba brasileiro, porque foi nesta cidade onde o samba se evoluiu, adquiriu sua diversidade artística e estabeleceu, na zona urbana, como um movimento de inegável valor social, como um meio dos negros enfrentarem a perseguição policial e a rejeição social, que via nas manifestações culturais negras uma suposta violação dos valores morais, atribuindo a elas desde a simples algazarra até a supostos rituais demoníacos, imagem distorcida que os racistas atribuíram ao candomblé, que na verdade era a expressão religiosa dos povos negros, de inegável importância para seu povo.

De acordo com pesquisas históricas, o Samba de Roda foi uma das bases de formação do samba carioca. A manifestação está dividida em dois grupos característicos: o samba chula e samba corrido. No primeiro, os participantes não sambam enquanto os cantores gritam a chula – uma forma de poesia. A dança só tem início após a declamação, quando uma pessoa por vez samba no meio da roda ao som dos instrumentos e de palmas. Já no samba corrido, todos sambam enquanto dois solistas e o coral se alternam no canto.

O samba de roda está ligado ao culto aos orixás e caboclos, à capoeira e à comida de azeite. A cultura portuguesa está também presente na manifestação cultural por meio da viola, do pandeiro e da língua utilizada nas canções.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.


VAI INCENDIAR
(Fábio Goulart)

Prepare a roda
Que o samba já vai começar,
Chame as pastoras
Que o samba já vai começar,
Aperte os couros
Que o samba já vai começar,
Afine as cordas
Que o samba já vai começar.

Vem na cadência do samba
Que o samba te chama... Eu vou!
Ta no compasso do samba
Que o samba é chama... Eu tô!

E se é chama o samba vai incendiar,
Vai incendiar

E incendeia quem fica e quem passa
Cuidado não derruba a cachaça,
Traga um quitute da Dona Graça,
Onde está Dona Clívia que não chegou.

Meu samba é ancestral não é moda,
Quero muito respeito com a roda
Traga um sorriso no rosto
Que o samba é alegria.



BATUQUE FEITICEIRO
(Candeia)

Rodou na saia (rodou, rodou)
Pisou na areia (pisou, pisou)
Com seus olhinhos de azeviche
A morena me enfeitiçou
E a batucada... (continuou)
De madrugada... (o galo cantou)
O sol brilhou e morena em meus braços
Então descansou

O que será esse batuque feiticeiro
Ele é um samba com viola e com pandeiro

Quando ele chega a gente fica
Gente pobre e gente rica
Todos cantam, todos sambam sem parar
E se Papai do céu quisesse
Ai que bom se eu pudesse
Viveria noite e dia a sambar...

(rodou, rodou)

COCO (DANÇA)

O coco é um ritmo originário de Pernambuco. O nome refere-se também à dança ao som deste ritmo.

Coco significa cabeça, de onde vêm as músicas, de letras simples. Com influência africana e indígena, é uma dança de roda acompanhada de cantoria e executada em pares, fileiras ou círculos durante festas populares do litoral e do sertão nordestino. Recebe várias nomenclaturas diferentes, como coco-de-roda, coco-de-embolada, coco-de-praia, coco-do-sertão, coco-de-umbigada, e ainda outros o nominam com o instrumento mais característico da região em que é desenvolvido, como coco-de-ganzá e coco de zambê. Cada grupo recria a dança e a transforma ao gosto da população local.

O som característico do coco vem de quatro instrumentos (ganzá, surdo, pandeiro e triângulo), mas o que marca mesmo a cadência desse ritmo é o repicar acelerado dos tamancos. A sandália de madeira é quase como um quinto instrumento, se duvidar, o mais importante deles. Além disso, a sonoridade é completada com as palmas.

Existe uma hipótese que diz que o surgimento do coco se deu pela necessidade de concluir o piso das casas no interior, que antigamente era feito de barro. Existem também hipóteses que a dança surgiu nos engenhos ou nas comunidades de catadores de coco.


Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

JONGO

Jongo é uma manifestação cultural essencialmente rural diretamente associada à cultura africana no Brasil e que influiu poderosamente na formação do Samba carioca, em especial, e da cultura popular brasileira como um todo.

Inserindo-se no âmbito das chamadas 'danças de umbigada' (sendo portanto aparentada com o 'Semba' ou 'Masemba' de Angola), o Jongo foi trazido para o Brasil por negros bantu, seqüestrados nos antigos reinos de Ndongo e do Kongo, na região compreendida hoje por boa parte do território da República de Angola.



Jonfo - Fonte: http://www.umbandafest.com.br/


Composto por música e dança características, animadas por poetas que se desafiam por meio da improvisação, ali, no momento, com cantigas ou pontos enigmáticos ('amarrados'), o Jongo tem, provavelmente, como uma de suas origens mais remotas (pelo menos no que diz respeito á estrutura dos pontos cantados) o tradicional jogo de adivinhas angolano, denominado Jinongonongo. Uma característica essencial da linguagem do Jongo é a utilização de símbolos que, além de manter o sentido cifrado, possuem função supostamente mágica, provocando, fenômenos paranormais. Dentre os mais evidentes pode-se citar o fogo, com o qual são afinados os instrumentos; os tambores, que são consagrados e considerados como ancestrais da comunidade; a dança em círculos com um casal ao centro, que remete à fertilidade; sem esquecer, é claro, as ricas metáforas utilizadas pelos jongueiros para compor seus "pontos" e cujo sentido é inacessível para os não-iniciados.

Hoje em dia podem participar do Jongo homens e mulheres, mas esta participação, em sua forma original era rigorosamente restrita aos iniciados ou mais experientes da comunidade. Este fator relaciona-se a normas éticas e sociais bastante comuns em diversas outras sociedades tradicionais - como as indígenas americanas - baseadas no respeito e obediência a um conselho de indivíduos 'mais velhos' e no 'culto aos ancestrais'.

Pesquisas históricas indicam que o Jongo possui, na sua origem, relações com o hábito recorrente das culturas africanas de expressão bantu, durante o período colonial, de criar diversas comunidades, semelhantes a sociedades secretas e seitas político-religiosas especializadas, dentre as quais podemos citar até mesmo irmandades católicas, como a Congada. Estas fraternidades tiveram importante papel na resistência à escravidão, como modo de comunicação e organização, e até mesmo comprando e alforriando escravos.

Dançado e cantado outrora com o acompanhamento de urucungo (arco musical bantu, que originou o atual berimbau), viola e pandeiro, além de três tambores consagrados, utilizados até os nossos dias, chamados de Tambu ou 'Caxambu', o maior - que dá nome a manifestação em algumas regiões - 'Candongueiro', o menor e o tambor de fricção 'Ngoma-puíta' (uma espécie de cuíca muito grande), o Jongo é ainda hoje bastante praticado em diversas cidades de sua região original: o Vale do Paraíba na Região Sudeste do Brasil, ao sul do estado do Rio de Janeiro e ao norte do estado de São Paulo.

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

LÁ NA ROÇA
(Candeia)

Bendito, louvado seja...
Bendito, louvado seja...

Lá na roça, no mês de Maria
(Bendito, louvado seja)
Festejamos de noite e de dia
Na barraca do Zebedeu, o leiloeiro sou eu

Então quando é noite de luar
Se ouve o cantador a cantar
E todo mês de Maria, na roça temos alegria
Festejamos em todo o arraia

Cantador cantando, Crianças brincando
Outros na capela de joelhos rezando
Vamos levando a vida que Deus do céu mandou
Agradecendo a vida, que Deus do céu mandou

Que Deus do céu mandou, ô ô ô ô
Que Deus do céu mandou, ô ô ô ô

Vou me embora já desta cidade
Vou pra roça buscar liberdade
Aqui nem posso respirar
Ai, que saudade de lá...

Aqui se mata até por dinheiro
O povo da roça é mais maneiro
Lá a gente é mais gente
E a felicidade, lá é total e permanente

Cantador cantando, violeiros tocando
Outros na capela de joelhos rezando
Agradecendo a vida que Deus do céu mandou
Vamos levando a vida que Deus do céu mandou

Que Deus do céu mandou, ô ô ô ô
Que Deus do céu mandou, ô ô ô ô
Bendito, louvado seja (contra canto)



SAMBA E SUAS ORIGENS

(Francisco Crozera)

Pensar em termos históricos a formação do que hoje conhecemos como samba, tem suscitado algumas polêmicas entre os estudiosos da matéria. Alguns tentam sublimar suas origens africanas, dando ênfase ao processo de miscigenação sócio-cultural, como se não importasse discutir as origens mais remotas do samba, e sim sua formação como gênero brasileiro, tão ligadas à cidade, à indústria cultural quanto às tradições afro-brasileiras (Vianna).

No entanto, o Projeto Nosso Samba, entendendo que o samba é mais do que simplesmente um gênero musical, sempre enfatizou a importância das origens africanas no samba, e como elas ainda estão presentes nos dias de hoje.

Na África-negra tradicional, não é possível entender a música como algo apartado da cosmologia, dos ritos, do modo de vida daquelas sociedades. Tudo está interligado, de tal forma que não é possível compreender qualquer aspecto da vida de forma isolada. As canções entoadas em meio ao som dos tambores operam, tanto no plano cósmico, como no plano cotidiano. A música, além do seu lado recreativo e de descrição do cotidiano, reforça o sentimento de grupo, os ensinamentos ancestrais, as mitologias, além de colocar os seus membros em contato com o sagrado. O próprio tambor, essencial nessas sociedades, é instrumento que evoca os espíritos ancestrais.

No período colonial, o tráfico de escravos trouxe ao Brasil milhares de africanos, em sua maioria Bantos (região de Angola, Congo e adjacências). Apesar de no processo de escravização, os africanos serem separados da sua etnia de origem - os Bantos eram compostos por diversas etnias - tendo que aqui recriar sua cultura, os ritmos e danças africanas, que os portugueses denominavam de “batuques”, tornaram-se presentes em solo brasileiro. Acompanhando o processo de colonização podemos perceber alguns traços marcantes da cultura africana nas diversas regiões do país. O improviso, o refrão puxado pelo coro, a presença do tambor, que marcam a música africana, tem forte difusão no país devido à presença da mão de obra escrava no período colonial. Assim, vemos que ela se espalhou pelo território de acordo com os ciclos econômicos da era colonial; nos engenhos de cana, na mineração, nas fazendas de café. Como resultado, temos uma diversidade cultural criada pelos escravos negros em diversas regiões do Brasil: o samba de roda, a chula, no Recôncavo Baiano; o coco, a embolada, o maracatu, no nordeste; o Jongo, o Caxambu, o Calango, o Samba Rural, no sudeste, entre muitos outros.

Com o surgimento das cidades, essa tradição cultural, passada oralmente de geração a geração, influencia a formação da chamada “música popular”, constituída pelos elementos: autores conhecidos, gravações fonográficas, partituras, divulgação por meios gráficos e público consumidor. A partir de então, a cultura afro-brasileira, mais notadamente o samba, torna-se, vulgarmente, gênero musical. Mesmo com esse processo deflagrado pela chamada indústria cultural, o Samba entendido como cultura persiste como forma de resistência, tal qual o Projeto Nosso Samba concebe como sua razão de existência.

A roda de “samba tem preceito e fundamento”. Existem elementos na roda que remetem a africanidade, desde a oralidade até o respeito aos mais velhos que transmitem a sua sabedoria. Quem é novo e pretende entrar numa roda, deve primeiro observá-la de fora, aprender e aos poucos ser reconhecido pelo grupo ganhando seu espaço. Além disso, a própria disposição das pessoas em forma de roda, tem grande significado. Numa roda todos se olham, todos se escutam, é um momento de partilha, onde o coletivo predomina sobre o individual. Admito que hoje em dia, essas rodas são cada vez mais raras, mas sem elas não existiria o Samba.

Em suma, a essência do Samba nos remete ao significado dado a música pela cultura africana, e que está presente em todas as manifestações da cultura negra no Brasil. O Projeto Nosso Samba busca, na medida do possível, explorar as diversas veias dessa cultura, em toda sua riqueza e variedade. Por mais ataques, preconceitos, expropriações que a cultura negra tenha sofrido ao longo dos séculos no Brasil, ela persiste firme e forte como um baobá no centro da aldeia onde, sob sua sombra, são retransmitidos os mais altos valores humanos.


Bibliografia:
Lopes, Nei. Partido Alto: Samba de Bamba. Rio de Janeiro: Pallas, 2005.
Tinhorão, José Ramos. Pequena História da Música Popular. São Paulo: Círculo do Livro, s.d.

SANTA IFIGÊNIA E SEUS PECADOS

(Thiago Mendonça)

Depoimento

Frequento o centro de São Paulo desde criança. Ali aprendi a gostar de samba, ali conheci o choro. Ali peguei amizade com a velha guarda do cinema da Boca. Presenciei dramas e alegrias de pessoas humildes, os “lesados da sociedade” de que falava Plínio Marcos. Hoje a Boca está morrendo, fruto de mais uma onda de limpeza, higienização da região ou, no politicamente correto, recuperação. A Boca dos de baixo dá lugar para o cartão postal dos de cima. Por quê não dizer caixão postal? Paisagem sem vida, sem povo, sem história. Fiz este filme para compartilhar um pouco da Boca que aprendi a amar, e contar a história de sua morte anunciada.

Sinopse:

O bairro de Santa Efigênia, ou Boca do lixo, está para ser derrubado. O filme conta a história desta região, que desde o século XIX é habitada por malandros e prostitutas, constituindo uma periferia no centro de São Paulo.

Música tema do filme



SANTA IFIGÊNIA E SEUS PECADOS
(Thiago Mendonça / Selito SD)

Nascida com nome de santa e tantos pecados
Vem carregando desde sempre uma pesada cruz
Lugar da boemia, do samba e o pranto musicado
O choro que é d’alma e que acalma diante da Luz

Faz parte da sina o triunfo, o cinema de outrora
Com suas ingênuas meninas cheias de ilusões
Ouvindo, ao darem-se à tela ou num quarto d’Aurora
O velho Adonirã cantando a Rua dos Gusmões

Disseram e dizem que ela não é mais a mesma
Mas, penso que em sua essência mudou nada não
Querem não o passado, a história da Santa Ifigênia

Disseram e dizem que ela não é mais a mesma
Mas, penso que querem, de vez, é a desocupação
Por fora a gente, as irmandades da Santa Ifigênia

GOIABADA CASCÃO EM CAIXA

(Américo Frigo)

Muito tempo atrás, assisti uma entrevista do poeta João Nogueira, quando ele afirmou que em sua juventude frequentava as reuniões da ala de compositores da Portela, realizadas nas tardes de domingo na quadra da escola. Fiquei imaginando como poderia ser um encontro daqueles, com a fina flôr do sacerdócio do samba de Osvaldo Cruz, no ninho da Águia Guerreira. Senti inveja do poeta !

A vida nos traz surpresas e, muito tempo depois disso, também numa tarde de domingo, fui levado pelos bons ventos do samba, a conhecer o terreiro do Projeto Nosso Samba, na Casa de Angola, hoje templo sagrado do samba osasquense. A vibração era a mais agradável possível: tambores, cordas e o trinado das pastoras completavam-se magicamente. Emoção pura. Olhava para os lados e vi que tantas outras pessoas ali se emocionavam. Quantas vezes não vi gente chorando de alegria, contagiados pela qualidade do samba.

Percebi que tinha encontrado a "goiabada cascão em caixa - coisa fina que ninguém mais acha" e, não teve jeito, não saí mais de lá.


9º Aniversário do PNS na Casa de Angola, 2007.

Família Projeto Nosso Samba, sua garra e determinação permitiu escrever esta honrada história de 11 anos de atividades dedicadas ao samba, braço direito da legítima arte negra brasileira. Que seu ânimo jamais seja abalado e que possa continuar sendo guardiã de tão nobre ideal. Assim esperam todos os amantes do samba !

E que venham muitos outros aniversários. Com a licença dos nkisis.

ESTE É O NOSSO CHÃO

(Fábio Goulart)


7º Aniversário do PNS na Casa de Angola em 2005


Este é o nosso chão é o nosso clima: partido alto, samba de terreiro entre versos e rimas, cultivando a velha tradição (Caio Prado).


E há onze anos o Movimento Cultural Projeto Nosso Samba de Osasco mantém viva e ardente a nossa cultura e as nossas tradições, em meio a partidos, sambas, maxixes, jongos, ijexas, e todo o gênero de batuques originários do povo negro.


Contemplados com toda a sorte de participes, quinzenalmente, com a licença do povo da rua, a graça de Deus, de Zambi, de Olorum, a benção dos Nkisis e Orixás, em respeito a todos os credos, fazemos a nossa Kizomba.


E haja batuque... E haja energia... Sempre ultrapassando os limites da musicalidade, temos a grata satisfação de estarmos inseridos em um ritual iniciado por nossos antepassados, e que alguns preferiram reduzir a mero entretenimento, sem qualquer significado maior. E sempre com a intenção especulativa, absorve-se o que se vê, e se ignora o que a vista não alcança e o corpo não sente.


Aqui não. Pise e firme neste terreiro, interaja com a energia que nos circunda e entenderá o nosso propósito; ouça , questione, participe e saberá quem somos.


Somos a herança, o passado e o futuro, em um espaço onde a espiritualidade, a palavra falada, e a palavra cantada, ainda têm muito valor.


quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Projeto Nosso Samba na cadência e na malícia...

Movimento Cultural PROJETO NOSSO SAMBA de Osasco



NA CADÊNCIA E NA MALÍCIA

(Caio Prado)
Canta: Projeto Nosso Samba

Terra firme, solo fértil
De canções e batucadas
Me finquei feito bandeira

Uma cerva bem gelada
Pra instigar a inspiração
Mais um samba pra rapaziada

Um refrão de improviso
Entre versos, desafio
Só chega quem tem pra mandar

É terreiro que dá gosto
Do mais velho ao mais moço
Na cadência e na malícia

Projeto Nosso Samba...
Projeto Nosso Samba...



segunda-feira, 20 de julho de 2009

PROJETO NOSSO SAMBA E CAPOEIRA NA CASA DE ANGOLA

Casa de Cultura Afro-Brasileira CASA de ANGOLA

No domingo, dia 02 de agosto, haverá a antecipada Celebração do Dia da Capoeira* (03 de agosto). Será um domingo marcado por diversas atividades promovidas por grupos que desenvolvem atividades culturais na Casa de Angola, conforme programação abaixo.


PROGRAMAÇÃO

14h00 - Aulão de Capoeira
15h00 - Apresentação de Capoeira
16h00 - Apresentação de Maracatu
16h30 - Roda de Samba do Movimento Cultural Projeto Nosso Samba de Osasco

(*) O Dia Nacional da Capoeira é comemorado em 03 de agosto que este ano cai numa segunda-feira.



quarta-feira, 22 de abril de 2009

Para o reinado o negro é o rosário...


por Regyna Santos


Os Reinados do Rosário estão em vários estados do nosso país. O ciclo do Rosário vai de agosto até o inicio de outubro, embora em muitos lugares a festa aconteça em outros meses.

A dança é uma linguagem corporal e para o negro é a via de comunicação e integração com o seu criador, Céu e Terra (ginga do Moçambique). O Negro reza dançando e cantando.

As lendas de Nossa Senhora do rosário são várias e a mensagem, evidente, na minha opinião, é que a virgem aceitou os negros como eles são; com sua maneira de orar, dançando, cantando, tocando tambor sem mudar o modo de manifestar sua fé.

Para os Reinados a festa é um momento sublime, sagrado, de fé. Fé na Mãe do Rosário, fé neles mesmos, na capacidade de resistir, ir em frente, não desfalecer ante as dificuldades.

Tudo na festa tem significado. A reverencia de um capitão para outro; os mastros que anunciam que a festa se aproxima e também são chamados de bandeiras de aviso. Apontam para o céu, interligam Céu e Terra, criatura e Criador. O trajeto nos ensina força da perseverança. Quem levanta os mastros tem que ir descê-lo (Oliveira e Serro – MG).

As pessoas que guardam as bandeiras dos mastros são as (os) mordomas (os), função vitalícia e hereditária. A bandeira que vai à frente dos ternos e é denominada: de Guia, cada qual tem a imagem do santo venerado pelo terno.

Os Reis congos são os verdadeiros donos da festa. Representam Chico Reis grandes a família imperial, os senhores de escravos (Oliveira – MG). Reis perpétuos fazem voto de por toda a vida trabalhar pelo Rosário. As Juizas representam a simplicidade consagrada a Nossa Senhora e têm a função de catequizar, orientar, ensinar.

É importante saber que ao serem coroados, reis e rainhas assumem o compromisso da fé e ficam obrigados a difundi-la entre todos. Mesmo após a entrega da coroa continuam sendo propagadores dessa fé.

Os irmãos do Rosário são formados por grupos denominados ternos ou guardas que são sete, a saber, por ordem de aparecimento: o Congo, o Moçambique, o Catopé, o Marujo, o Caboclinho, os Cavaleiros de São Jorge e o Vilão. Todos têm no Candombe o Pai, o elo ancestral místico de ligação entre o catolicismo rústico e o culto jeje-nago.

O Reinado do Rosário é a luta do negro para manter os seus ternos com suas musicas, danças, vestimentas e instrumentos. Por ser pobre, a dificuldade para mantê-lo é grande.

“Os que vêm de fora nos assistir dizem que é folclore. Para nós é Fé” diz capitão Geraldo da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário de Alto dos Pinheiros, Belo Horizonte – MG.

“O tamborim representa o corpo do negro, negro na senzala, negro sofrido. Quando eu bato nele, ofereço a Senhora do Rosário” Nilson, Mestre Catopé, Serro – MG.

“Para mim não importa se minha farda está faltando uma pena, quando eu danço, danço para Nossa Senhora do Rosário” Idalto, Mestre dos Caboclinhos mirins, Serro – MG.

- Nós somos o Rosário, nós somos o Rosário!
_________________
Fonte: Festa de Nossa Senhora do Rosário - O Rosário: Força, Fé e Resistência dos Negros Congadeiros. Acervo Histórico da Casa de Cultura Carlos Chagas. Prefeitura Municipal de Oliveira – MG.